Cidadãos, cidadãs,
Não percam de vista que os homens que o melhor lhes servirão, são aqueles que vocês escolherão entre vós, vivendo sua vida, sofrendo dos mesmos males(dores).
Desafiem-se tanto dos ambiciosos quanto dos arrivistas; uns como outros consultam somente seus interesses e acabam sempre a se considerar como indispensáveis.
Desafiem-se também os falantes, incapazes de passar à ação; eles sacrificarão tudo para um belo discurso, para um efeito oratório ou uma palavra espiritual.
Evite igualmente a quem a fortuna favoreceu demais, porque é raro demais que aquele que possui a fortuna, esteja disposto a olhar(considerar) o trabalhador como irmão.
Enfim, procurem homens de convicções sinceras, homens do povo, resolvidos, ativos, com um sentido certo e uma honestidade comprovada.
Orientem suas preferencias sobre aqueles que não vão disputar seus votos; o verdadeiro mérito é modesto, e cabe aos eleitores escolherem seus homens, e não a eles se apresentarem.
Cidadãos,
Temos a convicção que se vocês levarem essas observações em consideração, vocês irão inaugurar finalmente, a verdadeira representação popular(do povo), vocês terão encontrado mandatários que nunca se considerarão como seus mestres.
Hôtel de Vilel, mars 1871.
A Comuna de Paris é o nome dado ao governo revolucionário de Paris, estabelecido em 14 de Julho de 1789, após a tomada da Bastilha, marco inicial da Revolução Francesa. É impressionante e muito atual o quanto esse pequeno, mas sério Manifesto, nos lembra os dias atuais em nosso cansado Brasil. Vivemos tempo de “homens partidos” como dizia Drummond em seu poema “Nosso tempo”; tempo de homens divididos, perdidos, esquizomorfos e sem identidade política. Prossegue Drummond em seu poema:”Este é tempo de divisas,/ tempo de gente cortada./ De mãos viajando sem braços,/ obscenos gestos avulsos.
Vivemos a angústia de desorganização dos poderes legislativo, judiciário e executivo, deixando-nos perdidos, também partidos, desesperançados. Políticas não existem senão aquelas que beneficiam os próprios políticos; Governo cindido, sem coerência de ideias de fundo social; Justiça de “acordos”, onde os ministros maiores se desentendem, formam pactos e parecem que não escutam o grito das ruas.
O ano acaba sem acabamento de gestões públicas; com dúvidas quanto ao futuro próximo. Oxalá 2017 seja algo novo(?), ou aconteçam transformações verdadeiras que retirem a população desse “estado depressivo” onde o sol não brilha, as estrelas se escondem e o mar é navegado por “coronéis” desbravando suas conquistas narcísicas e deixando a população ainda transformada em escravos.
“Cabe aos eleitores escolherem seus homens, e não a eles se apresentarem”.