As lágrimas se esvaiam pelas laterais das narinas.
Seu cheiro era doce-salgado, com uma pitada de azedume.
As sombras de suave luz da lua, escureciam a terra molhada.
No solo não restavam flores, um pântano provindo dos Deuses.
Os estados de êxtases, o corpo vencia a alma,
Escondia as feridas traumáticas, ausência original da ternura amorosa,
A sexualidade, os impulsos eróticos erigiam uma camada protetora,
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência,
ela é o nosso destino maior
(Clarice Lispector)
Por que a corporeidade rouba da mente a coragem de amar?
Se o corpo expressa prazer, prazer não é completo, não preenche
a psique, a mente, a subjetividade da ternura —- cria carência!
“Taça de carente não transborda”, a qualidade é vencida pela quantidade.
“Os amantes se amam cruelmente….
Os amantes são meninos estragados…a cobra se imprime na lembrança dos seus trilhos…
E eles quedam mordidos para sempre, deixaram de existir, mas o existido
Continua a doer eternamente”
Versos de Drummond in DESTRUIÇÃO
O amor tem medo de amar, os amantes têm pavor de unir,
ternura com sexualidade!
A paixão não se transforma em amorosidade,
O amor se derrete em lágrimas de sal azedo.
Quiçá a carência não se vicia no prazer físico,
Quem sabe ainda é tempo de Amar!
Quem dera que as nuvens não tornassem escuro a luz do
Sol e a suavidade lunar!
Ulisses se subjetivou ao renunciar o “canto das Sereias”.
Dante se humanizou quando Beatriz pisou no Paraíso.
Quixote soube amar quando não encontrou Dulcineia.
Romeu e Julieta se destruíram quando a fusão se consumiu
O amor não se mantém diante da superioridade,
Narcísica.
Os homens não conservam sua humanidade, se não
Suportam em seus ombros a dor da Diferença.