A Dostoiévski – Em memória ao Homem do Subsolo

A neve molhada cobrindo os corpos mortos.
O ódio, a vingança, o ressentimento,
de pais mortos, criança “natimorta”.
A dor lancinante de um frágil ser.

Inverno, punições, vontade de matar, desejo de morrer.
O estúpido governo o negou a morte fatal, deixou-te vivo, vivo morto, a sofrer no subsolo.
Choraste, amaldiçoaste, fizeste de ti um rato. 

Eras o emblema do paradoxo.
Uma bondade infantil, também adulta e,
                           [Uma maldade sádica, arrogante, destruidora]

Lágrimas te caíram o tempo todo, cobrindo um corpo quase moribundo.
Amor, amor, tu tinhas oculto pela inveja e remorso. 

A luz pálida da prostituta Liza deu momentos amorosos.
Tiveste uma relação sexual além de afetiva.
Não suportaste a bondade, a vingança venceu,
também não curaste os ressentimentos.
                            [o amor sucumbiu com o medo de amar]

O Ser desamado ferve de feridas infinitas.
Os pais mortos dentro de ti cemitério sob névoa molhada.
O grito da ressurreição te fez pensar:
                           [“logo criaremos um jeito de nascer de ideias”]
És, Dostoiévski, o paradoxo do amor e do ódio humano.

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