Marcas des-afetivas

Marcas  profundas  pele  em aberto,
feridas  onde  a carne é arranhada
pelo abuso da própria carne
procurando  o  amor no vazio  da  avidez. 

Marcas  profundas  pela  falta  do seio,
a ausência  da ternura  o excesso  da sensualidade.
O  amor não nasce  da carnalidade,
o  desamparo  prenuncia  um desastre. 

Marcas,  marcas  do  desejado  não  vindo.
Feridas  ficaram  a mostrar um corpo  sem mente.
Marcas  repletas  de memórias tristes,
o coração tenta  parar de bater
                                [ não  existiu  sangue  de afeto ]

Marcas  roxas,  avermelhadas,  amarelas,  depressivas.
O vazio  encerra   a  falta do sentimento  amoroso,
o ôco psíquico  não  se preenche  com  a volúpia  da carne.
A  ternura  não veio  em  parceria  com o  corpo
                               [ faltou  aprender  a amar ]

Marcas  duradoras,  perenes,  pele  em aberto
de  feridas  e cicatrizes .
Não  se descobriu  nomear  a falta,
faltou  mais  que  pele,  faltou mente
                               [ não  presença  desde o inicio, do amar ]

A  estrela cadente quem  sabe trará
o  nome da rosa sem espinhos,
o afeto  intrínseco  no  leite,
o  acolhimento  ao  desespero
                               [ o brilho  dos olhos,  a luz  do Outro ]

 Marcas,  marcas,
tecido  espesso sem  brechas  para  amar,
ausência  psíquica  impossível  nomear,
Quem  sabe, um dia,  a  poesia  cante  a falta  de amar.
                               [ ou  a  ternura  enlaçada  na  sexualidade ]

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