Já não há espaço para uma civilização sustentada na primazia de um capitalismo perverso nem de regime ditatoriais que escravizam a humanidade e vivem das benesses da riqueza, da corrupção, dos descompromissos com o respeito aos direitos humanos. Ruíram os lucros da filosofia de Mercado e a certeza dos países totalitários baseados num domínio onde a fundamentalismo religioso, o fascismo e todos os métodos de espoliação do povo, poderiam manter a opulência de uma minoria repleta de lucros, vantagens, jantares nababescos, para não falar numa atitude de que numa disputa onde o vencedor dominaria todas as nações.
O mundo muda daqui por diante, com certeza. Ainda que equipados tecnológico e cientificamente, outras pandemias virão.
O planeta Terra, a terra pelo qual deveríamos ser gratos está se destruindo por uma civilização da inveja, voracidade, competição perversa, onde uma minoria de trilionários, governos delirantes e uma economia que prioriza não a qualidade de vida e sim o apoderar-se do dinheiro dos impostos, alucinaram que, excluídos os pobres e os idosos, o Paraíso seria a eterna satisfação do prazer pelo prazer.
Um vírus, um minúsculo e microscópico organismo mostra que a onipotência, onisciência e onipresença dos homens, realmente, foram e são um grande sistema alucinatório e delirante para se defender da condição de desamparo, finitude, vulnerabilidade da espécie humana.
Não há mais sentido de guerra, de vitória entre os blocos de nações nem de sistemas ideológicos. A pandemia nos traz de volta ao simples, ao lar, a preocupação com uma Ética e com uma Política em benefício de menos desigualdades. Mas vou, além disso: a Pandemia nos avisa que esquecemos a vida afetiva, a vida humanística, a vida reflexiva, e não a vida-ativa, vazia, ôca, perseguindo a obtenção dos bens materiais como se eles fossem a garantia da Felicidade. Para isso devemos nos voltar a partir de agora para uma política de volta ao Humanismo: educação, saúde pública, divisão dos bens, formação cultural e universitária, pesquisa científica, não para preparar armamentos mas, para reconstruir uma sociedade simples, afetiva, humana, respeitosa de todos os direitos humanos. Para isso é necessário praticar generosidade, compaixão, solidariedade e “amar o próximo como a ti mesmo”. Caso não aprendamos com a experiência terremoto em que estamos vivendo, sobrarão os poderosos sem a força de trabalho, os trabalhadores, pois até a classe média e a chamada burguesia trabalha para consumir e não para ser, e só resta eles comprarem passagens para outro Planeta!
Carlos Drummond de Andrade já tinha poetado o nosso presente,quando, em seu poema “As Impurezas do branco” nos adverte: “Ao acabarem todos/ só resta ao homem/ {…}/ colonizar/civilizar/ humanizar/ o homem/ descobrindo em suas próprias inexploráveis entranhas/ a perene inesperada alegria de conviver