Entre os anos de 1919-1920, quatro autores, filósofos, trouxeram à humanidade e principalmente à comunidade científica e cultural da Europa, vértices de pensamentos explosivos e intrigantes. Havia uma só preocupação: “O que é o ser humano?”.
Em 1927, na cidade de Davos, comuna da Suíça, reuniram-se Walter Benjamin, Martin Heidegger, Ernst Cassirer e Ludwig Wittgenstein, com a intenção de pensar sobre a forma e o estilo de problemas fundamentais sobre a vida.
Segundo Wolfram Eilenberger, jornalista, escritor, professor e filósofo, nascido na Alemanha em 1972, “A primeira guerra mundial terminou recentemente (1919), deixando um rastro de morte e desesperança, além da dolorosa sensação de um mundo perdido para sempre”.
Não é um tema a ser desprezado, e realmente nunca foi. Vivemos hoje as mesmas angústias diante de um “mundo civilizado” que parece estar perdido, pois ainda não se coloca de maneira enfática sobre a necessidade de um pós-humanismo. Adianta Eilenberger, em seu recente livro traduzido ao português: ”Tempo de Mágicos- a grande década da filosofia 1919-1929”, Editora Todavia e tradução de Claudia Abeling: “O dr. Benjamin foge do pai, o tenente Wittgenstein comete suicídio financeiro, o livre-docente Heidegger renega a fé e monsieur Cassirer trabalha a própria iluminação dentro do bonde elétrico”. Estava assim, começando uma proposta humana para um mundo desumano, onde até agora não se conceituava de modo claro, a essência do ser-humano, sua natureza e seu compromisso com a civilização.
Wittgenstein em seu Tractatus logico-philosophicus, entre outro aforismo, dizia: “Como seja o mundo, é completamente indiferente para o Altíssimo. Deus não se revela no mundo; sobre aquilo de não se pode falar, deve-se calar. – É simplesmente impossível tornar tudo compreensível a cada ser humano”. Já Cassirer e Heidegger após seu debate criaram “um acontecimento decisivo na história do pensamento”.
Cassirer com sua Filosofia das Formas Simbólicas e Heidegger com a importância que dava, além das formas simbólicas, à Angustia, o sofrimento que o homem carrega quando tem de si dá conta da sua finitude (“existência lançada”), Dasein, o ser-aí.
Toda a filosofia heidggeriana enfatiza a questão do Ser. Segundo Eilenberger, o pensamento de Heidegger está num “entrelaçamento indissolúvel de “questões sobre o ser” (ontologia) e questões “sobre o ser-aí (existencialismo). A contribuição de Walter Benjamin, além de sua obra sobre Estética e Sociologia da Arte, repousa numa contribuição inédita: o homem pode e deve pensar seu próprio pensamento. “Todo ser humano é obra de si mesmo”.
Deixemos o leitor com a curiosidade de estudar esse belo e profundo livro de Eilenberger no sentido de continuar a pensar – quem é esse ser humano nos dias atuais?