A atualidade de Affonso Romano de Sant’Anna

Há poucos dias, recebi do meu amigo e querido poeta, Affonso Romano, três recentes livros seus, publicados pela Editora Unesp. São eles: “Nova história da arte”, “Artificação: problemas e soluções” e “Redefinindo centro e periferia”. No aniversário dos seus oitenta anos, Affonso é hoje um representante vivíssimo, da época áurea da literatura brasileira que tem como parceiros, Carlos DrummondPedro NavaManuel Bandeira, João CabralMurilo MendesClarice Lispector e tantos outros ícones da literatura brasileira. Poeta, escritor e crítico literário, sempre comprometido com a capacidade de apreender a realidade interna do ser humano, assim como um analista-observador do cotidiano, da vida como ela é, e da função social e política do artista. Qualquer arte que não é uma pública-ação e que não tem uma finalidade transformadora de cunho social, é uma atividade onanista, masturbatória.

Affonso é inquieto, curioso, instigante (“Que país é este?”), uma pessoa que não deixa de criar, de trabalhar, de pensar e de propor reformulações de antigos conceitos e conjecturas racionais e imaginativas para novos vértices de observação e interpretação, tanto das artes como do comportamento humano.

Numa das questões em seus recentes livros, principalmente em “Redefinindo centro e periferia”, nosso autor traz alguns tópicos interessantes para serem pensados:

“O desafio, assim, é nem se acomodar ao centrismo clássico nem se exilar na excentricidade moderna e pós-moderna.”

“A história recente nos ensinou que governos de esquerda culminaram numa ditadura e que governos que se dizem democráticos pregam uma democracia para si, mas um controle política e economicamente ditatorial sobre outros povos”

“Ao perorar sobre o ‘certo’ e o ‘errado’ e ao fazer uma cisão problemática não ‘entre’ um e outro, mas ‘dentro’ de um e outro, os bandidos estão, topológica e epistemologicamente, refazendo conceitos de ‘verdade’, e reescrevendo a ‘realidade’. Eles estão reafirmando o aspecto ‘revolucionário’ (a revolução possível), a que de outra forma já aludia o chefe do tráfico numa das favelas do Rio, Marcinho VP, que diria pertencer ou organizar um partido guerrilheiro e revolucionário dentro do narcotráfico”.

Pois bem, caro leitor, em belos e profundos livros sobre o universo artístico e a história da arte, Affonso Romano nos convida a pensar em inter-textos, correlacionando arte, poesia, história, filosofia e política. Parafraseando Maurice Blanchot, nosso poeta alerta para “tempos que estão por vir” como elaboração da crise ética, familiar, econômica, política e filosófica do tempo atual.

“Tende piedade de nós – modernos medievais–/tende piedade, como Villon e Brechtpor minha voz/ de novo imploram./ Piedade dos que viveram neste século/ per seculae seculorum”(Versos do poema Epitáfio para o Século XX), para enfim pisarmos o século XXI, diz o poeta.

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