A esperança nos afetos

           

                            “Seres graciosos queixosos e esquivos/ Encontreis refúgio na nossa origem/ Senti-vos benvindos e redivivos/ Suave abraço e versos vos cingem.”

                                                                Stefan George

          Num belo ensaio de Georg Lukács, A nova solidão e sua lírica: Stefan George, em seu livro A alma e as formas –  ensaios, o filósofo e crítico húngaro, dos mais importantes do século XX, faz reflexões encantadoras sobre o poeta alemão, Stefan George, poeta simbolista, um dos herdeiros de Mallarmé.

Atualíssimo, Stefan George foi sempre preocupado com as dificuldades afetivas dos homens, resgatando em sua poesia lírica e formal, a possibilidade do reencontro dos seres humanos nessa vida cindida e escamoteada na esteira de uma racionalidade estúpida, onde o amor a si próprio e aos outros são questões secundárias diante da idealização do homem-econômico-burguês-materializado. O humanismo está sendo destruído diante de uma sociedade marcada pelo “ter” e não “o ser”, carente de afeto, depressiva, vazia, negando os valores éticos e morais, regredindo a cada dia para uma bestialidade destrutiva e bárbara.

Georg Lukás enfatiza em seu ensaio, que: “A lírica de Stefan George praticamente não conhece o lamento: tranquila, resignada, mas sempre valente, de cabeça erguida, mira a vida nos olhos”. A obra poética de Stefan é feita de “canções de um viajante”, de alguém que caminha por entre estradas mostrando que o importante não são “as fontes de riqueza” e sim o “enriquecimento da alma”.

Em 2012, a editora Iluminuras lançou uma obra bilíngue de Stefan George Crepúsculo, um livro de poemas. Seus poemas primam pela métrica clássica e têm uma linguagem formal e musical. Vários dos seus poemas foram musicados por Arnold Schoenberg, contemporâneo do poeta. Eduardo de Campos Valadares, editor e tradutor, mostra o que os temas das poesias refletem o conflito do individual com o coletivo, o “homo sapiens versus a natureza”, “o transitório versus o transcendente”.

Um dos poemas que me comove, mostrando as dores do mundo atual, é Praias do Sul: Enseadas. Cito-o: “Há muito trilho sempre as mesmas costas./ De lindas cidades como um colar/ Aqui e ali mesas nupciais postas…/Sou estranho a perambular. Detenho-me sempre nas mesmas pontes/ Sem sabedorias — só amargura/ Seduzido pelas antigas fontes/ Portais circulo na loucura. Enquanto nos salões dançam casais/ Cobertos de ricas joias e flores:/ Sigo a gente mais humilde no cais…/Tais são na solidão das dores”.

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