A excepcionalidade do Poder Judiciário

           

        “Do sorriso desse Dioniso nasceram os deuses olímpicos, de suas lágrimas, os homens”.

F. Nietzsche in “O Nascimento da Tragédia”.

 

Prometeu Acorrentado pagou um sacrifício desumano quando foi contra Zeus, no sentido de civilizar os homens. Rebelou-se contra os Deuses, sendo ele também um Deus, mas que desenvolveu o sentimento de compaixão com a condição humana. Nietzsche, ainda nesse belo e triste texto ainda escreveu que “Não sei quem afirmou que todos os indivíduos, como indivíduos, são cômicos e, por isso, não trágicos: de onde poderia concluir que os gregos simplesmente não podiam suportar indivíduos sobre o palco trágico”.

Vivemos atualmente na tragédia brasileira, consequência da voracidade e avidez das classes poderosas, insensíveis à condição financeira que nossa população atravessa. Salários baixíssimos, aposentadorias de fome, desemprego, falta de assistência à saúde, habitação precária, educação de terceiro mundo e segurança pessoal inexistente.

Nesse momento após eleição, onde se supunha algum bom senso de reorganização e sacrifício para retomar o crescimento nacional, os parlamentares aprovam um aumento ao Judiciário de 16%, com receio de serem tachados de “Prometeu Acorrentado”!

Quando o filósofo Nietzsche disse que “Deus está morto”, levou-se essa frase no sentido concreto e não, metafórico, simbólico. Os Deuses precisavam morrer para que os Homens tomassem conta do seu próprio destino! Estava assim, instituída a Democracia, a capacidade que os Homens pudessem governar com sentimentos humanos, e não através de ordens divinas, e dessa maneira, a humanidade seria mais justa, mais respeitada e as nações parassem de guerrear em prol do domínio sobre as outras, evitando romper com os direitos e deveres humanos. Não é o que assistimos no escurecer das luzes do governo atual. Não sei qual Ministro do STF falou, mas ouvi na rádio que ele teria dito que o aumento se justifica, pois estavam em “estado de penúria”.

A população em geral, os funcionários públicos comuns, os salários dos aposentados, enfim, estão congelados há quantos anos? Qual o direito que reza a diferença entre os “deuses do olimpo” e os homens comuns? Não se pode brincar com as reações de frustrações severas na vida; não se pode negar que as diferenças a cada dia aumentam; não se pode reafirmar como os gregos, de que “os indivíduos são cômicos, e por isso, não trágicos”. Que tal os Ministros recusarem o aumento?

 

 

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