Há muita lenda sobre a pessoa de um psicanalista. Alguns se referem a um ser calado, circunspecto, que quase não fala, estranho, às vezes meio louco; outros chegam a afirmar que o analista quando trabalha não abre a boca, somente ouve; enfim há especulações mil, quando de fato um psicanalista é uma pessoa que faz parte do mundo dos mortais, porém presume-se, e na grande maioria, é um fato de que é uma pessoa com profunda formação humanística, que sempre teve e tem a paixão da curiosidade sobre a mente humana, o funcionamento da mesma, e os mistérios que jamais acabam sobre a vida privada dos seres humanos.
É bom que se diga: um psicanalista, que se dispõe a atender oito a dez analisandos por dia, que se dedica exclusivamente ao seu ofício e, principalmente que se dispõe a acolher, ouvir e conversar sobre a dor psíquica, não pode ser alguém sem uma formação profunda e ética, ou seja: um curso teórico-clínico de pelo menos quatro anos; análise pessoal no mínimo três a quatro vezes por semana durante nunca menos de cinco anos; supervisão dos seus casos clínicos por colegas mais experientes, e por fim, uma cultura pessoal que englobe filosofia, história, arte, literatura, linguística, pelo menos. Hoje sabemos que as teorias psicanalistas não dão conta, somente elas, pelo conhecimento da realidade psíquica. Necessário se faz pedir ajuda às outras ciências e todos os ramos do conhecimento humano.
No Brasil, nessa cultura do improviso e na pressa em atender ao sofrimento das pessoas sem critério formativo, criaram-se várias escolas de psicanálise, infelizmente de credo político-religioso com formações(?) de psicanalistas em meses, sem preocupação com a pessoa do psicanalista (sua análise pessoal) e cursos relâmpagos, às vezes, não presencial. Lidar com a mente humana, manejar situações neuróticas graves, psicóticas e drogadictas é necessário muita sensibilidade, sanidade mental do profissional, capacidade ética e total recusa a atitudes e tentativas de controle moral, político e de cunho místico-religioso.
Psicanálise é sobretudo uma pesquisa sobre o conhecimento do funcionamento mental, e não mais, a rigor, um tratamento médico ou de outra espécie. É um método de pesquisa a longo prazo para proporcionar ao analisando um maior conhecimento de si mesmo; esse método se realiza na experiência da relação analista-analisando através dos fenômenos transferenciais-contratransferenciais. Atualmente se faz necessário saber sobre a formação do psicanalista, se pertence a algum Instituto que exija as condições básicas (análise pessoal, supervisões clínicas, formação teórica de pelo menos quatro anos) e que o analista seja um indivíduo de notório saber, reconhecido clinicamente pela sociedade e pelos colegas de profissão.