Bob Dylan, nome artístico de Robert Allen Zimmerman, nascido no estado Minnesota, nasceu em 24 de maio de 1941, Duluth, é compositor, cantor, pintor, ator e escritor norte-americano.
Pertence a época da música folk, country e rock e sempre se sobressaiu por suas letras das canções poéticas como também de sua prosa poética como escritor. Segundo Helio Gurovitz, jornalista, “ouvir Dylan cantar e, ao mesmo tempo, ler seus versos é entender a tradição que começa com Homero, passa pelos trovadores provençais e pelo cancioneiro de dezenas de povos e nações, para desembocar no Minnesota – de onde o menino judeu Robert Allen Zimmerman partiu para Nova York aos 19 anos, em 1961…”
A Academia afinal reconhece no conjunto da obra de Bob Dylan uma expressão universal da Literatura — concede ao poeta, cantor, compositor, pintor e músico, o Prêmio Nobel de Literatura de 2016. Há os conservadores que criticam, mas existem também, e é maioria, os que olham a obra de Dylan como Literatura de alto nível em sua forma de compor suas letras quanto na observância da musicalidade de suas palavras. Além disso, merece frisar que o Poeta Dylan tem a capacidade inerente de captar o inaudível, o indizível no modo como apreende tanto a realidade íntima e inconsciente dos homens como a realidade factual, realística do mundo concreto. Basta citar os seguintes versos, ainda lembrados por Helio Gurovitz, para sentir um deslumbramento diante da sensibilidade de Dylan. Em seu poema “It’s alright, Ma”:
Não tenha medo se ouvir
Um som estranho ao seu ouvido
Está tudo bem, mãe, estou só suspirando(…)
Palavras desiludidas latem como balas
Enquanto deuses humanos miram seus alvos
Fabricam de tudo, de armas de brinquedo que faíscam
A Cristos em carne colorida que brilham no escuro
É fácil ver sem olhar muito longe
Que quase nada é sagrado mesmo
Marcel Proust, em várias reflexões feitas em La Recherce, repete com afeição e sinceridade aos seus leitores, que seu livro é para que os mesmos se vejam em si mesmo, na sua intimidade psíquica; Jorge Luis Borges, injustiçado pela Academia do Prêmio Nobel, diz em vários dos seus ensaios sobre Poesia que, se seu leitor não se encontra em seus poemas, ele não considera que de fez Arte; é impossível numa mente com sentido estético-artístico, não viver momentos de Epifania lendo os poemas de Dylan e ver alegria, depressão, ódio, vazio, revolta, quando dos versos de suas canções.
Vejamos alguns, extraídos dos seus cantos poéticos: “Venham todos, reúnam-se aqui, por onde quer que tenham vagado/ E admitam que as águas a sua volta têm subido/ E aceitem que em breve vocês estarão encharcados até os ossos( versos iniciais da canção) “The Times They Are A-Changin”. “Dizem que todo homem precisa de proteção/ Dizem que o homem deve de cair/ Ainda assim, juro que vi meu reflexo/ Em um lugar tão acima deste muro/ Eu vejo minha luz vir brilhando/ Do oeste até o leste/ Qualquer dia, qualquer dia/ Eu serei libertado.”, versos de sua canção “I Shall Be Release”.
Citado ainda por Helio Gurovitz, Bob Dylan se considera mais poeta do que músico. “As palavras são tão importantes quanto a música. Não haveria música sem as palavras, já dizia em 1965. “ Considero-me primeiro um poeta, depois um músico”, continuava a afirmar em 1978.
Termino hoje meu escrito pensando em nossos jovens, filhos e os que virão a nascer nessa época de falta de ética, de educação, de humanidade e incapacidade de compaixão humana. Cito uns versos queridos e apreciados por Dylan do poema de Rudyard Kipling, poeta britânico – “Gentlemen Rankers”, contido no livro de Epstein:
“Nós acabamos com a Esperança e a Honra, estamos perdidos para o Amor e a Verdade/ Estamos descendo a escada degrau a degrau,/ E a medida de nosso sofrimento é a medida de nossa juventude/ Deus nos ajude, pois conhecemos o pior jovens demais.”