Psicanálise da vida cotidiana – Brasil: um país em risco! – 19/07/17

A bala perdida atravessa o abdômen da mãe e também atinge ao filho “protegido” em sua barriga; os pobres carecem de alimentos cujas verbas governamentais foram saqueadas no meio do caminho entre Brasilia e os Estados necessitados; uma Medida Provisória acaba de dar terras aos especuladores de uma maneira brutal; o governo distribui milhões das verbas necessárias à saúde, educação, segurança, para seduzir deputados em interesse próprio; a segurança púbica faliu na Cidade Maravilhosa e o Rio se transformou numa grande favela; os direitos da CLT foram de água abaixo ferindo os princípios da segurança dos trabalhadores; a tuberculose e a sífilis voltaram no mapa endêmico das doenças; as facções de bandidos e alguns presos de colarinho branco governam dentro dos seus cárceres; a classe média, despolitizada e alienada já sofre no bolso sua aposentadoria, os salários estagnados mesmo que ela(classe média) não saiba que é responsável também pela crise dessa nação; a Igreja parece que começa a levantar a voz através da CNBB; os jovens ainda sem razoável consciência política gritam nas ruas e devem, sem poder pagar, o financiamento dos seus cursos superiores; os artistas calaram, os poetas não poetam mais “que país é esse”; a Justiça mesmo dando ares de justiça, ainda se vê ambivalente em algumas causas que comprometem alguns poderosos; o rio São Francisco não tem água para mandar aos canais construídos; a seca continua a assolar os sertões; as eleições são uma incógnita, os candidatos, quais serão, comprometidos com os direitos dos eleitores?; evita-se sair às ruas pois os bares e restaurantes estão sendo assaltados; as vias de trânsito são tomadas por crimes do tráfico; as praias são corroídas de arrastões; a água está racionada em quase todo o país; o petróleo vendido às multinacionais; a energia escassa e as rodovias esburacadas; um homem se mata meio ao protesto; a criança sai ferida de uma manifestação; o policial ou policiais são mortos em defesa da população; os  políticos se recusam a fazer a reforma política; os homens pensadores se esconderam atrás do seu “autismo político”; as universidades falidas não contemplam mais uma demanda de vestibulandos; o SUS não atende os direitos dos doentes; o governo incentiva os planos de saúde empresariais, e os mesmos cobram o que a população já não pode mais pagar; estamos com fome, doentes, feridos, atropelados, assassinados no meio das ruas, acuados em diversões, sem escolas, sem cultura e sem condições de ter “uma pátria educadora”; os viadutos são casa dos excluídos; os centros das grandes cidades se transformaram em vendas de drogas; os teatros se não fechados, pouco frequentados; os parques repletos de sequestros e estupros; o Nordeste ainda chora as lágrimas da escravatura da Casa Grande e Senzala; os policiais pedem propinas para ajustar seus salários; as escolas públicas agora, são escolas das pessoas de classe média, mas os professores continuam a ganhar salários miseráveis; as universidades carecem de verbas para pesquisas; as coleiras eletrônicas não dão conta dos ilustres presos de colarinho branco; acabou de ser baleada com morte imediata uma criança de dez anos que atravessava a avenida de Nossa Senhora de Copacabana.
 
O Governo, as forças de segurança, a classe média, os formadores de opinião, os responsáveis pela lei e a ordem não estão se dando conta do risco em direção a uma Nação em conflito social grave! As lágrimas já não permitem o advento da COMPAIXÃO!
 
 
Carlos de Almeida Vieira – Médico psiquiatra, Psicanalista da SPBsb, Membro da Federação Brasileira de Psicanálise –  FEBRAPSI e da International Psychoanalytical Association – IPA

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