Os Existencialistas estão voltando!

           

                     

         Os autores clássicos jamais serão obsoletos. A noção de Clássico diz respeito aos autores que o tempo eternizou, pois seu legado é imortal para a cultura da humanidade.

Alice, uma jovem de 32 anos, outro dia dentro de um shopping sentiu-se mal. Relatou-me um sentimento de estranheza a si mesma e a tudo ao seu redor, de repente viveu uma crise que se convencionou a ser chamada de “crise de pânico”. Há tempos já vinha se sentido estranha, tediosa, medrosa e envolta numa insegurança tal que “é como se tivesse perdido minha base de sustentação humana”, acrescentou.

Estado de estranheza, de incômodo, de tédio, confusão e ausência de sustentabilidade emocional. Suspeito que esteja escrevendo uma crise existencial, colorida de um estado de ânimo que associo com a descrição de Martin Heidegger quando se referia ao Ser e Nada; estados de ânimo do “Dasein” (palavra que tem um sentido de: existência de modo geral composta por da (lá, ali) e sein (ser), ou seja, “ser-aqui” ou “ser-aí”, como explica de uma maneira didática Sarah Bakewell, filósofa pela Universidade de Essex, em seu livro “No Café Existencialista” (2016).

Vivemos na atualidade a agudeza de sentimentos de estranheza, descrença, náusea e estados emocionais que oscilam entre o entusiasmo e o tédio. Lembra-nos a noção do “eterno retorno” de Nietzsche, a decadência do capitalismo, a exuberância (falsa) da tecnologia como solução, a inconsistência política das esquerdas e direitas, a tentativa da volta de governos populistas e autoritários. Estados frequentes de crises sociais e individuais nos remetem aos temas estudados pelos filósofos existencialistas do antes e após guerra e dos anos 60 do século passado.

Nunca fez tão sentido ler e reler a noção e o conceito de Angústia de Kierkegaard. Alice, citada acima, não é Alice do país das maravilhas, é um ser envolto numa experiência do vazio. Sara Bakewell chega a escrever: “As conexões desapareceram. Não admira que chamemos uma experiência dessas de colapso. Pode ser familiar a quem sofre de depressão e também pode ocorrer em vários distúrbios neurológicos. Para Heidegger, seria um caso extremo de desmoronamento do Ser-no-mundo cotidiano, em que tudo se desarticula, se impôe e se recusa a negociar com nossa habitual e abençoada desatenção.

Não é por acaso que as editoras vêm mostrando em suas “rodas de ofertas”, livros de Albert Camus, a Náusea de J. P. Sartre, as histórias das idéias de Nietzsche, Heidegger, Jaspers, e tantos outros pensadores da mesa estirpe. 

Aliás, já é hora de resgatarmos o Humanismo, antes que uma catástrofe maior caia sobre os ombros sofridos da humanidade. Precisamos reaver o “culto aos sentimentos” e minimizar um “idealismo” que filosofa somente as ideias, deixando de lado a ação criativa em direção às transformações de fato.

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