Ponto e Vírgula

Na maioria dos noticiários da Mídia, o horror é matéria que se vende e se lucra muito; é excessão ouvir uma noticia feliz, delicada, afetiva que revele alegria e esperança; mulheres em trabalho de parto, nas calçadas dos hospitais; quando não em macas improvisadas ou dispensadas para outras maternidades; falta de vagas, falta de médicos; os pais e as mães derramando suas lágrimas de tristeza e ódio pois seus filhos foram alvo de balas da polícia e dos traficantes; mortos precocemente, vidas não vividas, futuro interrompido; o homem de carro preto ou de chapa azul estaciona em vaga dos cadeirantes e dos idosos, sem serem idosos ou vítimas de alguma patologia ortopédica; pessoas atropeladas nas faixas de pedestre; parentes de autoridades, senhoras da “alta sociedade” fazem descaramente filas duplas para comprar um medicamento ou mesmo para buscar suas jóias em casas de grifes; policiais sem formação espancam os inocentes, matam organizados em quadrilhas de extermínios, crianças, jovens, idosos; o coração dilacerado após anos de estudos, de um estudante que não quer mais fazer universidade pois tem horror da dívida que terá de pagar aos bancos em conluio com o governo; a menininha que pega uma flor vermelha e não sabe a quem ofertar diante de um mundo hostil; os aposentados, aposentados também de vencimentos precários mesmo para a dificuldade de comprar seus medicamentos das “farmácias populares”; cada laboratório tem um preço que não obedece aos preços dos programas oficiais; o Teatro Nacional de Brasilia faliu, desmoronou, sem verbas num “pais educador”; os políticos não querem reformas, desejos da população; os políticos querem reformas eleitoreiras, os políticos perderam a sensibilidade afetiva, ética, social e política; o Estado do Paraná é um exemplo de Justiça; alguns governantes mentem, prometem, usam as verbas para fins de conluios com seus parceiros e empresários, com obras de Copas e Copas; não existem verbas para programas sociais mas existem verbas para suprir a voracidade de tantas pessoas ligadas a Partidos compondo uma “feira de Ministérios”; a água se esvazia nas represas, as torneiras estão monitoradas e responsáveis por multas e mais multas; a periferia, nem se fala; hoje são as cidades grandes com sede, secas, enxutas, anunciando não o dilúvio mas a aridez das gotas ínfimas de H2O; as marchas, para que?; os ouvidos surdos dos governantes costuram não as reformas mas os ajustes para beneficios de manutenção no poder; Graciliano Ramos precisa ser relido e relido através do seu romance –VIDAS SÊCAS -; outro dia um homem da “classe média” desesperado por não poder pagar suas dívidas, pulou da ponte Rio-Niterói; a jovem moça, desistiu de viver, saltando do Viaduto de Chá, em São Paulo, ficou sem casa, sem utensílios, dois irmãos, após uma enchente “com data anunciada”; a televisão com orgulho mostrou a grande vitória dos nossos atletas na Para-Olimpíada!; a Lava Jato levantou o “tapete voador” da minoria privilegiada dessa Nação que ainda dorme em “berço explêndido?; a novela da Globo, mostra tudo sobre corrupção, faz alguma diferença?, penso que sim; os homens, ou seja, a população, o povo, já não “suportam o peso do mundo” como poetou nosso Carlos Drummond; Bandeira, certa vez, meio decepcionado, pensou voltar para o Nordeste —- Ele queria viver de brisa!; nem deu tempo para ir à Pasárgada, mas fez uma obra prosa-poética mais lindo do mundo; Lampião dava aos pobres o que era o excesso dos ricos; Vandré cantou:”quem sabe faz a hora não espera acontecer”, e não aconteceu; e os “Vandrés da vida pararam de cantar, de compor; Chico Buarque se transformou em romancista; os nossos intelectuais se asilam num “autismo permitido” deixando as ruas, os conselhos para pensar o país; nem o Sertão vai virá Mar e os mares se transformaram em “arrastões”; Copacabana é linda mas os atletas reclamam da poluição; os aposentados perderam as benesses pois os governos gastaram todo o dinheiro, não é época de eleições; ponto e vírgula sempre foram as belas, lindas, poéticas prosas de Paulo Mendes de Campos; em cada governo, quem sabe, deveria ter um Papa Francisco!

“Quando ouço pronunciar a palavra guerra sinto um pavor como se falassem de bruxaria, da inquisição, de uma coisa longínqua, abminável, monstruosa, contra a Natureza”.
Guy de Maupassant em seu livro “As grandes paixões” – Editora Record, 2005, RJ.

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