Vinhetas da Realidade

 

– Ricardo encontrou um pedinte embaixo do viaduto. Parou, desceu do seu carro, presenciou a seguinte cena: um homem idoso, circundado de três filhos que pediam esmola, mostrava em sua perna esquerda uma úlcera crônica. Ricardo ofereceu ajuda dizendo: “sou médico, posso ajudá-lo a tratar essa infecção. Deixe-me levá-lo ao hospital”, ao que o homem respondeu enfaticamente: “O que é isso seu doutor! Se o senhor me trata como vou ganhar os vários salários mínimos que consigo com a ajuda dos meus filhos? trabalhar é muito custoso!

– O garoto de uns 12 anos perguntou ao pai: “Pai, como se faz para ser um político de verdade?” Henrique, o pai falou: “Você deve estudar muito, fazer faculdade, ter cursos de ética, humanidade, ciência política, um pouco de filosofia, e ser uma pessoa que tenha afetividade, generosidade e uma capacidade de sentir e acolher a dor dos outros. Política, meu querido filho, é uma profissão séria, é uma disponibilidade afetiva de melhorar a vida de uma população e não um meio de enriquecimento pessoal às custas de usar o “dinheiro público”! Ao que contestou o filho: “tem alguma coisa estranha nisso. Um amigo meu disse que é diferente – não precisa estudar, há que ter a astúcia da sedução, geralmente o futuro político é filho de pai político, faz campanha, arrecada milhões, na maioria das vezes não faz o que promete, beneficia os amigos próximos, faz obras superfaturadas, usa pessoas como “laranja” e outras coisas muito complicadas”. Responde seu pai, simples professor universitário: “Filho, esquece essa profissão, sugiro que você se forme e vá educar as pessoas. Quem sabe um dia nosso País tenha uma Educação séria, e aí, poderemos ter Políticos no sentido profundo do termo”.

-Um dia haveremos de ter programas na mídia, programas educacionais, culturais, de alto nível de informação, de capacidade para fazer a população pensar humanística e politicamente, transmitidos não após as 23 horas!

-“Depois do amor grande por mim que me brotou aos três anos e durou até os cinco anos mais ou menos, logo o meu amor se dirigiu para uma espécie de prima longínqua que frequentava a nossa casa. Como se vê, jamais sofri do complexo de Édipo, graças a Deus. Toda a minha vida, mamãe e eu fomos muito bons amigos, sem nada de amores perigosos”. (Mário de Andrade, em sua crônica – “Vestida de preto”).

-“Que orientação a antiga sapiência descobre?/ Bancos se atropelam ao sol pelo poder;/ Atrás deles, triste vegetação a crescer,/As casas baixas e recessivas dos pobres.
Não há nenhum destino certo à nossa espera,/Nenhum dado, só nossos corpos; temos planos/ De aprimorar-nos; um gélido hospital nos reitera/ A igualdade de todos os humanos.
Gostam de crianças por cá, mesmo os policiais;/ Falam anos antes da solidão dos grandes./ Reversão nenhuma, aqui.
Mas eis que se expande
O som da banda no Parque; prenuncia/ Algum reino de paz e ventura gerais.
Aprendemos a piedade e a rebeldia
Poema -“Um porto principal”, de W.H.Auden em seu livro: POEMAS.

-Podemos ler a história mítica de Abel e Caim não como duas pessoas: metaforicamente não é absurdo pensarmos que Abel e Caim são um só indivíduo, ou seja, em cada um de nós, humanos, “anjos caídos”, existem um lado Abel e outro Caim. A questão é cuidarmos de que Caim seja cada dia mais civilizado, menos mortífero e muito menos corrupto.

-“Não tenho mais as ilusões partidárias que tinha. Mas as minhas ideias são as mesmas. Sou apenas um homem desencantado da ação política” (Entrevista de Carlos Drummond de Andrade a Gilberto Mansur, 1984).

– E pensando em Brasília, lembrei de Guy de Maupassant, em seu livro, “As grandes paixões”, livro de Contos, editora Record:
“Casacas pretas elegantes, em busca de carne fresca – frutas temporãs defloradas, mas saborosas —-, rodavam por entre a massa aquecida, farejavam, enquanto as máscaras pareciam agitadas sobretudo pelo desejo de se divertir”. Do conto – “O Máscara”.

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