Psicanálise e direitos humanos: Diretora da SPBsb destaca atuação da IPA na ONU

Paola Amendoeira integrou a mesa sobre colaborações e dinâmicas transferenciais em tempos caóticos, durante o 54º Congresso da IPA, realizado em Lisboa.

O trabalho intitulado “IPA e ONU: duas organizações internacionais e a possibilidade de uma convivência frutífera entre as diferenças” foi apresentado pela psicanalista e diretora de Comunicação da Sociedade de Psicanálise de Brasília (SPBsb), Paola Amendoeira, durante o 54º Congresso da IPA, realizado em Lisboa.

A fala integrou o painel promovido pelo subcomitê da IPA junto à ONU, do qual Paola é codiretora – A IPA e as Nações Unidas: colaborações e dinâmicas transferenciais em tempos caóticos. A atividade foi conduzida por Laura Ravaioli, com participação também de Sargam Mona Jain e Alexander Kalogerakis. A participação de Paola Amendoeira destacou a atuação da Associação Psicanalítica Internacional (IPA) no campo dos direitos humanos e da saúde mental em cenários de crise global.

Paola destacou a importância da parceria entre a IPA e a Organização das Nações Unidas (ONU), formalizada em 1998, quando a IPA se tornou uma ONG componente da ONU com status consultivo especial junto ao Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC) e na Comissão para populações e desenvolvimento (CPD). A partir daí é possível colaborar na construção de instrumentos internacionais que se tornam referências de condutas para o enfrentamento dos grandes desastres que nos cercam. Esse reconhecimento permite à IPA apresentar relatórios, participar de fóruns e debates multilaterais e atuar de forma ativa na formulação de políticas públicas voltadas aos direitos humanos e à saúde mental.

Ao apresentar a estrutura e as iniciativas do Subcomitê da ONU dentro da IPA, Paola ressaltou o papel fundamental que os psicanalistas podem desempenhar na sensibilização da comunidade internacional para os impactos emocionais e psíquicos das violações de direitos humanos. “A experiência clínica dos mais de 16 mil membros da IPA nos torna testemunhas do sofrimento humano em todas as suas formas, seja individual, coletivo, cotidiano ou massivo, como nos contextos de guerra, migração forçada ou colapso ambiental”, afirmou.

Representatividade horizontal e colaborativa

A psicanalista também chamou atenção para a diversidade regional e institucional da IPA, destacando a presença de representantes de países onde a IPA está presente. Entre eles: Brasil, Japão, Itália, Alemanha, Índia, Estados Unidos, Austrália, Peru, Argentina, Sérvia, Venezuela, entre outros. “Com tamanha diversidade, conseguimos compreender nuances históricas e sociais e seu impacto sobre o sofrimento de suas populações”, destacou.

Segundo ela, esse funcionamento horizontal e colaborativo tem possibilitado uma co-construção rica e respeitosa no enfrentamento dos desafios globais contemporâneos.

Entre essas ações recentes, Paola destacou a participação da IPA em fóruns da ONU sobre migração, desenvolvimento social e saúde mental, além da contribuição com recomendações para o Pacto Global sobre Migração Segura, Ordenada e Regular. A IPA tem contribuído, por exemplo, na inclusão de capacitação específica para profissionais que atuam com populações vulnerabilizadas, migrantes e refugiados, com foco no cuidado ao trauma vivido e compartilhado e na observação e encaminhamento necessário na promoção de saúde mental.

Outro momento importante foi a atuação do Subcomitê da IPA como organizador de um evento paralelo ao 66º Fórum da Comissão da ONU sobre o Status da Mulher (CSW), com o tema “As Mulheres Invisíveis: exploração psicoeconômica do trabalho doméstico e reprodutivo”. O encontro contou com a apresentação de Sargam Mona Jain e Homa Zarghamee e gerou um artigo publicado recentemente, com reflexões sobre o apagamento do trabalho feminino no cálculo econômico e as dinâmicas inconscientes associadas a esse fenômeno.

Em sua fala de encerramento, Paola compartilhou uma reflexão pessoal sobre a importância dos vínculos e das amizades que se formam no trabalho coletivo.

“Para os nós da vida, os laços da amizade; os laços entre mim e o mundo. As amizades são pontes que funcionam como bálsamos e nos ajudam a transformar os nós da vida em algo muito útil. Então o nó se torna ‘nós’, e estar junto pode ser uma celebração. Para quem diz que o inferno são os outros, eu diria que o sentir junto pode ser também o paraíso. E não há nada como as amizades que costuramos dentro desses nós”, concluiu.

O “Mural Guerra e Paz” é uma obra monumental do pintor brasileiro Cândido Portinari, composta por dois painéis que retratam, respectivamente, a guerra e a paz. Os painéis foram entregues à ONU em 1957 e estão expostos no hall da Assembleia Geral.

A obra explora a dualidade da condição humana, representada pela violência da guerra e pela busca pela paz. Ela transmite uma mensagem de esperança e convida à reflexão sobre a importância da paz em um mundo marcado por conflitos. Além disso, é considerada uma das mais importantes doações feitas à ONU e um marco na carreira de Portinari.

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