
A psicanalista Regina Mota foi homenageada no evento
A Sociedade de Psicanálise de Brasília (SPBsb) reuniu, na última sexta-feira (10), diretores, membros e convidados no Café Platô, na Asa Sul, para uma celebração conjunta: 55 anos de existência da Sociedade e da Revista Alter. Aproveitando a oportunidade, foi feito o lançamento do volume 40 da Alter.
O ponto alto do evento foi a homenagem à psicanalista didata e membro titular da SPBsb, Regina Mota, pela intensa colaboração com a Alter e pela contribuição fundamental à consolidação da Sociedade junto à IPA (Associação Internacional de Psicanálise). Além de Regina Mota, Lannusa Castro, prata da casa há 21 anos, também foi homenageada pela dedicação e profissionalismo com as atividades administrativas da Sociedade.
A presidente da SPBsb, Ana Velia, destacou que a psicanálise nasceu como escuta do inconsciente e como gesto ético diante do sofrimento humano. Segundo ela, ao longo dos 55 anos, a Sociedade tem sido testemunha e protagonista de profundas transformações: na clínica, na cultura e nas formas de subjetivação.
“Celebrar, mais do que marcar o tempo cronológico, é reconhecer o trabalho de elaboração coletiva que nos une. É celebrar nossa capacidade de acolher pensamentos em gestação, de sustentar as dúvidas, as diferenças, as palavras ditas e as silenciadas, e, ainda assim, continuarmos pensando juntos”, afirmou.
Para concluir, Ana Velia ressaltou que “a psicanálise é mais do que teorias e técnicas: é um modo de viver, de estar no mundo, de sustentar o humano que nos habita. A Revista Alter representa exatamente essa maneira de pensar e existir”.

Inspiração
O diretor de Comunidade e Cultura da SPBsb, José Costa, contou que conheceu a Revista Alter ainda no terceiro ano de medicina, durante o período da ditadura militar, e que um dos artigos publicados o levou a se interessar pela psicanálise.
“Foi por meio daquele texto, sobre identificações, que despertei para as motivações inconscientes de nossas escolhas e atos, para o além das aparências. Foi no subversivo da psicanálise que descobri o meu próprio subversivo”, relatou.
Pluralidade e vitalidade
A diretora do Comitê Científico, Nize Nascimento, lembrou que, ao longo de seus 55 anos, a Alter se consolidou como referência no campo da psicanálise e espaço de diálogo com outras áreas do saber. A revista acompanhou as transformações da clínica e do pensamento psicanalítico, acolhendo contribuições de profissionais da saúde mental, da literatura, da academia e de diversos campos.
“Seu percurso é marcado pela pluralidade e pela vitalidade de uma escrita que se reinventa como quem respira novos ares. A Alter é, sobretudo, um lugar de encontro entre teoria e prática clínica, entre tradição e inovação, entre vozes diversas que se entrelaçam no desejo comum de compreender e cuidar da experiência humana”, afirmou.
Desafios
O psicanalista Carlos Wilson de Andrade Filho, que edita a Revista Alter ao lado da psicanalista Veridiana Canezin Guimarães, destacou três dos 15 textos que compõem o volume 40.
“Reunimos nessa edição textos que nos tocam e nos desafiam. Destaco uma homenagem ao nosso colega Ronaldo Mendes com a reedição de uma reflexão dele sobre a angústia como experiência; a força inaugural de Virgínia Leone Bicudo, que nos recorda a coragem de pensar o novo em um relato de um encontro dela com Melanie Klein; e o texto luminoso e inédito em português de Martha Harris, que nos ensina que observar é também escutar com o coração”.
Homenagem
Um dos pontos altos do evento foi a homenagem à Regina Mota, membro didata da Sociedade de Psicanálise de Brasília. A homenageada destacou a trajetória da Revista Alter e sua contribuição para o desenvolvimento institucional da SPBsb.
“Quem nasceu primeiro: A Alter ou a Sociedade? A Alter cresceu junto com a Sociedade. Quando deixamos de ser apenas um grupo ligado à IPA e passamos a nos consolidar como Sociedade de Psicanálise de Brasília, a revista também acompanhou esse amadurecimento. As mudanças de nome ao longo dos anos refletem esse processo de crescimento — de Jornal de Estudos Psicodinâmicos, em 1970, até Revista de Estudos Psicanalíticos”.
“Sempre senti que a Alter expressava a escrita da clínica. É um registro do nosso fazer analítico, algo muito difícil de traduzir em palavras. Freud começou assim, com seus relatos clínicos, e nós seguimos tentando articular teoria e prática, ilustrando nossos trabalhos com vinhetas e reflexões da experiência clínica. É uma escrita que exige coragem, porque expõe o íntimo do trabalho analítico. Quero continuar fazendo parte dessa escrita”, finalizou Regina Mota.
